O IEMCI
O Conselho Superior Universitário (CONSUN) criou no dia 18/06/2009 o Instituto de Educação Matemática e Científica da UFPA (IEMCI). Com a nova unidade, a Universidade passou a ter treze institutos de ensino, pesquisa e extensão voltados para áreas específicas e estratégicas do conhecimento.
Os conselheiros votaram pela transformação do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Matemática e Científica (NPADC) em Instituto a fim de adequá-lo à legislação da Universidade. No último dia 2 de abril, o CONSUN criou o curso de Licenciatura Integrada em Educação em Ciências, Matemática e Linguagens atrelado ao Núcleo e, de acordo com o Estatuto e o Regimento da UFPA, apenas Institutos podem conter cursos de graduação, enquanto os Núcleos mantêm, apenas, cursos de pós-graduação.
Além da Faculdade, o IEMCI é composto pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, com cursos de mestrado e doutorado, e uma estrutura administrativa com duas coordenadorias e uma biblioteca especializada. Com a decisão, o novo Instituto poderá criar, a longo prazo, novos cursos de graduação específicos para formarem professores especializados nas áreas de ciências e matemática.
O Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico – NPADC– era uma unidade acadêmica da UFPA – ligada diretamente ao Reitor, pela Resolução CONSUN 590/96 - e visava o desenvolvimento de programas, projetos e ações em prol da melhoria do ensino de ciências e matemática em todos os níveis de ensino. Para tanto, desenvolvia programas de formação continuada de professores, no âmbito da extensão universitária e de pós-graduação lato e stricto sensu, além de manter um programa de iniciação científica na Escola Básica, há 24 anos, por meio do Clube de Ciências da UFPA, integrante do NPADC.
O início do trabalho ocorreu em 1979, como um dos resultados da dissertação de mestrado de Terezinha Valim Oliver Gonçalves, professora lotada no Departamento de Biologia do Centro de Ciências Biológicas da UFPA , que buscava o desenvolvimento de novos valores para o ensino de Ciências (Física, Química e Biologia) e Matemática, numa metodologia de trabalho desenvolvida em “ambiente democrático”, de Kurt Lewin (1976). Em 11 de novembro desse ano, nasce o Clube de Ciências da UFPA – CCIUFPA – de um projeto coletivo dos estudantes de graduação com sua professora, buscando construir um laboratório pedagógico, onde pudessem “aprender a ensinar, podendo errar e acertar, sem a pressão da aprovação/reprovação, como ocorreria a partir do semestre seguinte, no Estágio Supervisionado”, buscando vivenciar a “prática adequada, de Popham” (Gonçalves, 1981; 2000). No ano de 1981, com oprojeto do CNPq de apoio a cinco (05) Clubes de Ciências no Brasil, o Clube de Ciências foi financiado, iniciando-se a sua consolidação no âmbito da UFPA e iniciando um caminho sem volta para o Ensino de Ciências e Matemática no Estado. A sua filosofia de trabalho, no âmbito da iniciação científica e no da formação de professores teve uma repercussão tamanha entre os professores dos sócios-mirins do Clube de Ciências que eles passaram a nos pedir cursos dizendo “também queremos aprender a dar aulas como vocês dão”. Em 1983, ainda na fase de teste do SPEC/PADCT, Subprograma Educação para a Ciência, do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CCIUFPA teve projeto aprovado em parceria com o Museu Goeldi, visando à formação continuada de professores de Ciências e Matemáticas e à organização de Feiras de Ciências como culminância dos trabalhos escolares. No final de 1984, ocorria a primeira Feira de Ciências da Cidade de Belém, denominada de I FEICIBEL. O trabalho constituía-se na formação continuada de professores, tendo em vista o ensino com pesquisa e a formação do cidadão crítico, como analisa Gonçalves (2000). Logo depois, em 1986, foi a vez do projeto FREC - Feiras Regionais e Estaduais de Ciências ser aprovado e financiado pelo SPEC/PADCT. O financiamento permitiu a realização de cursos de formação continuada semipresenciais a professores em 15 municípios-sede de Unidade Regional de Educação (URE). Conscientes de que um grupo da capital não poderia garantir mudanças efetivas em locais tão longínquos, os integrantes da equipe do FREC propuseram a formação de grupos de professores que pudessem ser mediadores entre os professores e o NPADC , pelo menos no sentido de apontar dificuldades, fazer contatos para um retorno de membros da equipe para novas orientações e outros cursos. Esse desafio, colocado aos professores durante a etapa inicial do curso de formação continuada , foi muito bem aceito pelos participantes, tanto que após dois anos de atuação em 15 municípios, haviam se formado 16 grupos de liderança acadêmica no interior do Estado, realizando feiras municipais, regionais e estaduais de ciências e impulsionando o movimento em prol da melhoria do ensino.
No ano de 1991, foi iniciado o programa PIRACEMA – RPADC (Rede Pedagógica de apoio ao Desenvolvimento Científico), também financiado pelo Subprograma Educação para a Ciência -SPEC/PADCT/CAPES. Era um programa em rede, como aponta a própria denominação, constituído pelo NPADC/UFPA, SEDUC, FEP (hoje, UEPA – Universidade do Estado do Pará), SEMEC/BEL, UNAMAZ e ERC CIDADE DE EMAÚS. Representantes dessas instituições formavam o Comitê de Coordenação. No interior do estado, os grupos de lideranças acadêmicas anteriormente formados foram organizados (após discussão em um grupo de 29 pessoas elaborando a proposta, dentre as quais vários representantes dessas lideranças) em Centros e Grupos, em razão da infra-estrutura de trabalho e apoio logístico disponível nos diferentes contextos. Desse modo, nos municípios-sede de Campi Universitários e Unidades Regionais de Educação, organizaram-se 10 (dez) Centros de Apoio ao Desenvolvimento Científico – CPADCs – com atribuições de trabalho regional. Cada município poderia constituir um Grupo de Apoio ao Desenvolvimento Científico – GPADC – com atuação local (vide organograma do PIRACEMA, anexo). Em 1993, foi proposta e aprovada a sua continuidade, por meio do PIRACEMA II. Em final de 1995 o Estado do Pará contava com cerca de 30 (trinta) grupos regionais e municipais. Nesse ano, o NPADC teve aprovado o Projeto Solução, também para a formação continuada de professores, dessa vez para a Grande Belém e mais centrado no Ensino de Química. Além desses, vem sendo financiados outros projetos de menor porte, por outras instituições que apóiam atividades dessa natureza. De instituições locais, apesar das muitas dificuldades, temos tido apoio para a manutenção das Feiras Estaduais, cuja XI versão ocorreu em 2003, na cidade de Abaetetuba.
No decorrer de todo o trabalho desenvolvido, período de grande efervescência foi o de 1987 a 1994, quando a PROEX/UFPA somou esforços aos financiamentos já obtidos do SPEC/PADCT para o atendimento de demandas dos municípios, obtendo um financiamento da OEA. Condição importante de trabalho também foi obtida por convênio com a Secretaria de Estado de Educação SEDUC e com a Secretaria Municipal de Educação de Belém, por meio dos quais foi constituído um grupo interinstitucional de elaboração, execução e avaliação das ações em prol da melhoria do processo ensino-aprendizagem na região, especialmente centradas na formação continuada de professores. O mote era o ensino com pesquisa, enquanto metodologia de ensino e de aprendizagem, fundada em projetos de investigação a partir de problemas do contexto dos alunos, portanto, amazônicos (Gonçalves, 2000). Temos certeza, entretanto, que tivemos que investir grande energia na sensibilização de professores e diretores para a proposta de trabalho, pois não havia políticas de formação continuada e eram poucos os professores com formação superior. Havia uma incidência tão grande de professores leigos (às vezes sequer possuíam o ensino fundamental completo), que era preciso ensinar conceitos elementares. Apesar disso, percebe-se hoje, que ficou uma nova/outra concepção de ensino de Ciências nos grupos de liderança acadêmica e em vários locais do Estado.
Além das instituições mencionadas, outras aliavam-se em momentos específicos, prestando também seu apoio e colaborando para a evolução que já se pode observar no Estado em termos de Ensino de Ciências e Matemática. A Rede PIRACEMA foi, em verdade, a concretização de uma necessidade que vinha sendo percebida desde o desenvolvimento do PROJETO FREC. A partir dos grupos de liderança acadêmica tornou-se possível reunir várias instituições em prol dos mesmos objetivos. A rede formada por grupos de lideranças emergentes no Estado começou a existir de fato. Com a Rede PIRACEMA, o NPADC/UFPApassou a ser o ponto de convergência das instituições e o centro irradiador das ações de melhoria de ensino. Os CPADCs - Centros Pedagógicos de Apoio ao Desenvolvimento Científico, localizados em municípios-pólo, começaram a se organizar e desenvolver ações com municípios vizinhos, incentivando a formação de GPADCs - Grupos Pedagógicos de Apoio ao Desenvolvimento Científico.
Os CPADCs atuam desenvolvendo cursos, assessorias e outras atividades junto aos GPADCs e esses buscam se consolidar em ações específicas nos municípios em que se situam. Porém, o Estado é imenso e a continuidade do trabalho necessita de apoio constante e crescente, uma vez que as demandas também aumentam.
A UFPA, durante todo o processo atuou decisivamente, garantindo sua contrapartida, mantendo uma equipe interdisciplinar de assessores, professores orientadores e técnico-administrativos atuando no NPADC e CPADCs, nos diversos Campi.
A SEDUC, por sua vez, disponibiliza professores e funcionários técnico-administrativos para atuar no NPADC, CPADCs e GPADCs, além de incentivar e possibilitar a participação de professores em atividades relacionadas às ações propostas. Para isso, mantém um convênio de cooperação com a UFPA (024/98 SEDUC/UFPA) que vem permitindo a continuação/ampliação e aprofundamento das ações da rede.
Além das contribuições permanentes mencionadas, o envolvimento das várias instituições se dá em momentos específicos quando da realização de eventos, pesquisas, cursos, produção de materiais didáticos, etc.
Hoje, o NPADC se organiza para novo ciclo de trabalho, tendo em vista, agora, a formação pós-graduada das lideranças acadêmicas dessa Rede de Educação em Ciências e Matemáticas já instalada no Estado e que precisa ser fortalecida e ampliada, na perspectiva de formação de tutores para a formação continuada de professores de Ciências e Matemática em cada região do Estado e da região norte, de modo a atingir maciçamente os professores da Educação Infantil e Fundamental, o que nunca antes foi possível fazer.
Tem havido uma autonomia progressiva, o que é altamente desejável. Entretanto, muitos grupos tem sobrevivido com grandes dificuldades desde o final dos anos 90, quando foi encerrado o SPEC/PADCT e cessaram os financiamentos para a área de Ensino de Ciências e Matemática, Foi constituída como área pela CAPES – código 46 – em 29 de setembro de 2000.. É hora de unir esforços e obter recursos para as ações dos grupos existentes, criação de novos grupos municipais, formação continuada para esses grupos e alguma infraestrutura, de modo a garantir a sua consolidação. Os CPADCs e GPADCs são referência nosseus locais de trabalho, mas tem sobrevivido por esforço e paixão dos professores que aí atuam.
Ao longo de sua história, o NPADC tem se caracterizado por desenvolver um trabalho que integra áreas do conhecimento: Biologia, Física, Química, Matemática, Pedagogia, portanto, Unidades Acadêmicas distintas da UFPA e também tem congregado Instituições diferentes em torno dos mesmos propósitos: Secretarias de Educação (Estadual e Municipais); Fundação de Educação do Pará (FEP); MPEG (Museu Emílio Goeldi), dentre outras. Passou, entretanto, por um período negro, sem recursos para investir em programas no interior do Estado. De 1998 a 2003, o trabalho sofreu um recrudescimento provocado pela política governamental, caracterizada, nessa área, pela ausência de programas/recursos de educação continuada de professores,como agora se vislumbra pelo Edital 01/2003 SEIF/MEC.
Com esse propósito, voltam a se unir instituições de nível superior de Belém, que integram o Protocolo de Integração das Universidades somando esforços, conhecimentos e investimentos. Em consonância com a história do NPADC, forma-se, mais uma vez, um grupo inter-institucional, que tem por finalidade proceder à formação continuada de professores de Ciências e Matemática, agora com uma organização de Educação a Distância mais estruturada, porque com mais conhecimentos e recursos do que naquela época em que essas ações eram muito mais intuitivas, pois não haviam tantos conhecimentos construídos a respeito, nem tanto respeito como agora detém (a Educação a Distância), merecendo investimento governamental.
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